625 mil caminhões cheios. Essa é a quantidade de frutas que vão para o lixo todos os anos no Brasil. 30% da produção do país não é consumido. O índice aceitável é de até 5% de desperdício. Veja aqui como a inovação vai extender a validade das frutas e melhorar o planeta.
Um aluno do Instituto Federal de Brasília formulou uma solução de baixo custo, feita a partir de fécula de mandioca e óleo de cravo-da-índia. O estudo foi feito com bananas e basta mergulhá-las na solução para aumentar a validade das frutas em 10 dias. A fórmula, além de impedir o desenvolvimento de microorganismos, também retarda a maturação do fruto. O próximo passo é patentear a criação e pesquisar alternativas para a produção em larga escala.
Nos Estados Unidos, pesquisadores publicaram no Jornal de Ciências dos Alimentos (Journal of Food Science) que membranas feitas de pectina, pullulan e quitosana ampliam a vida útil de morangos. Já os pesquisadores do México descobriram que se essas membranas forem incorporadas a benzoato de sódio e sorbato de potássio, elas contribuem para a redução do amolecimento da fruta e diminuição da atividade microbiana, mas preservam a cor, o sabor e textura dos morangos, e sua vida útil aumentou de seis para quinze dias. A pectina é naturalmente presente em diversas frutas, a quitosana faz parte das cascas de crustáceos como o camarão, e a pullulan proporciona suporte extracelular, o que faz com que uma embalagem feita desses componentes seja barata, podendo ser produzida em larga escala.
Cientistas da Washington State University, nos Estados Unidos, demonstraram que luz ultravioleta C (UVC) é eficaz contra patógenos na superfície de algumas frutas tais como maçãs, pêras, morangos, melões cantaloupe. A notícia é especialmente promissora para produtores de frutas orgânicas, uma vez que representa uma alternativa aos sanitizantes químicos comumente utilizados. A técnica é mais eficaz em E.coli do que em Listeria e inativou até 99% dos patógenos presentes, mas ainda precisa de estudos mais aprofundados. Ainda assim é promissora, pois é barata e de fácil implementação, segundo os pesquisadores envolvidos.
Em Portugal nasceu a Fruta Feia, uma cooperativa para o consumo de, como o próprio nome diz, frutas, legumes e hortaliças feios. Lá, 16 toneladas de frutas e verduras deixam de ir para o lixo todos os meses. Os produtos que não atendem a exigência dos supermercados, passaram a ser vendidos por preços mais baixos. A cooperativa tem mais de 800 associados, mas uma fila de espera de mais de 2000 pessoas.
Todas estas iniciativas ainda representam pouco perto de tanta comida jogada fora, mas aos poucos se nota o avanço. Cada um faz a sua parte, nós, enquanto consumidores e a ciência, aliada à inovação e à tecnologia, faz a dela.
Quer saber mais sobre esse assunto? No EAT INNOVATION tem mais: Frutas e vegetais feios – por que você deveria consumir?
Referências: G1, Food Engineering Magazine, Science Daily