Mais de 30 países já descriminalizaram o consumo de maconha. As vendas em 2015 passaram de 3 bilhões de dólares. O que isso tem a ver com alimentos? Tudo! Tem idéia do potencial dessa nova indústria? Conheça aqui os alimentos de maconha.
A discussão sobre a descriminalização da erva está cada vez mais acesa (trocadilhos à parte! Hehehe), quanto mais países a legalizam, mais os demais tendem a seguir pelo mesmo caminho. Quer vc goste ou não, esta é uma tendência forte no mundo inteiro. Esse mercado vende 49 vezes mais que os chocolates M&M’s e isso considerando só as vendas legais. O tráfico, porém, ainda movimenta mais de US$320bilhões ao ano, só 4% disso é pago ao produtor e a polícia apreende apenas 20% da droga em circulação.
A pergunta que não quer calar: “por que alguém opta por comer alimentos de maconha em vez de fumar a erva diretamente?“. Porque é preciso saber enrolar o baseado, há fumaça, cheiro, o estigma do fumo e é incômodo para muitas pessoas. Os alimentos oferecem o mesmo efeito de maneira mais simples. São milhões de novos consumidores em potencial, não se pode ignorar isso. “Marijuana é uma commodity, como trigo, milho ou soja. Com comestíveis, você pode criar uma marca, um nome, ter uma fórmula secreta que seja propriedade intelectual“. Tendências alimentares atuais são todas aplicáveis neste caso, produtos orgânicos, sem glúten, protéicos, dietéticos e afins. A Americana Just Hemp Foods vende um “whey protein” versão cannabis enquanto a Hemp Foods America produz óleo orgânico.
Há um lado negativo na liberação, claro. As doses dessas comidas “batizadas” devem ser respeitadas como a dosagem de um remédio. Um jovem americano morreu por ter comido mais cookies que o recomendado. Há ainda o perigo de crianças encontrarem o produto. São vários os casos de intoxicação e superconsumo reportados nessas localidades.
No futuro estes produtos tendem a ser devidamente regulamentados, melhor rotulados, com doses baixas de erva, oferecendo baixo risco ao consumidor. Com o aumento no consumo, crescem também as pesquisas e o investimento na área. Quando os componentes e seus efeitos forem melhor compreendidos, os produtos poderão até ser direcionados a diferentes segmentos de consumidores. O tráfico ainda existirá, mas certamente perderá força.
Nos Estados Unidos, algumas empresas já despontam, a Kiva Confections é especializada em chocolates com THC (tetrahidrocanabinol, a principal substância psicoativa da maconha). Já a Dixie Elixirs lançou uma linha de refrigerantes com THC. A Medically Correct comercializa doces com CBD (canabidiol, outra substância derivada da planta e usada em medicamentos para tratamento de epilepsia e outras doenças), a Uncle Ike’s produz café e até “Nutella“, ou melhor, Nugtella já existe.
Até o uso de fibra de cannabis para outras finalidades como a produção de têxteis, biocombustíveis e papel promove maior produção de outros alimentos. O governo chinês estuda substituir parte das plantações de algodão por maconha para a produção de cânhamo não psicoativo (ou seja, não serve para fumar), cujo rendimento é maior e permitirá assim que sobre espaço para a produção de soja e trigo. A empresa uruguaia Sediña é responsável pelo projeto. Seu dono é brasileiro, mas está no Uruguai devido a legalização da droga ocorrida em 2013 e a empresa que começou com investimento de US$150 mil naquele ano, já vale mais de US$5 milhões. E aí, o mercado de alimentos de maconha é ou não é promissor?
Referências: Brasil Post, Fast Company, The New York Times, Revista GQ Brasil, BBC, Folha de São Paulo, Superinteressante, Lombra, Globo Rural, O Estado de São Paulo, Comendo com os Olhos, Além da Mídia