Imagine um lugar em que você é cobrado pelo tempo em que está lá e não pelo café que bebe. Este é um anti-café, tendência que começou na Rússia, conquistou a Europa e está chegando no Brasil.
Anti-café é um espaço que serve café, porém não te cobra por isso. Você paga pelo tempo em que fica. É um misto de cafeteria com coworking, feita para o cliente se sentir à vontade. E passar ainda mais tempo lá! Nesses lugares geralmente se encontra, além de café e companhia para um bom papo, petiscos, jogos de tabuleiro, mesas para trabalhar, internet, filmes e videogames.
Esse conceito é diferente da cafeteria Nescafé, em que cada um prepara seu próprio café (falamos sobre isso aqui). Aqui o café é servido, você só é cobrado de maneira diferente.
Também chamado de café “pay-per-minute” (pago por minuto) ou clube do tempo, o primeiro anti-café foi aberto na Rússia em 2011 pelo escritor Ivan Mitin.
Como toda boa inovação, esta também nasceu da necessidade. Ivan aguardava um espaço para um projeto artístico e, cansado de gastar dinheiro em cafeterias, ele e seus amigos alugaram um sótão onde passaram a se reunir. Todo o pagamento era voluntário, mas com o tempo ele aprimorou o sistema que passou a cobrar pelo tempo de permanência.
O sucesso foi tão grande que a ideia logo espalhou e as cópias não demoraram a pipocar em todo o país até chegar na Europa. Ivan abriu 9 franquias na cidade e mais de 200 outros estabelecimentos inauguraram anti-cafés.
E os outros continentes?
O conceito chegou no Brasil em 2016 e conta com algumas adaptações, claro. O Lemni Café está em São Paulo e o Guajá em Belo Horizonte. Nesses espaços é possível levar sua própria comida, cozinhar, limpar, alugar para eventos e participar de workshops, cursos e palestras.
Na Índia há o The Minute Bistro, em Bengaluru, em que o cliente faz o próprio café. No Canadá o Anticafe Montreal oferece até aulas de artesanato.
O movimento anti-café não está sozinho
No Brasil foi aberto o anti-bar Bier Keller, onde só entram convidados dos donos ou de amigos deles, não tem garçom, cada um se serve do que desejar. São mais de 250 rótulos de cerveja à escolha. Para pagar basta contar os pratos e garrafas vazias da sua mesa.
Em algumas cidades européias existem movimentos “anti-museu” ou “não-museu”, em que as pessoas fazem roteiros turísticos por pontos que não incluam museus. Em São Paulo há ainda o anti-shopping, um espaço de convivência a céu aberto com 46 lojas em contêineres reciclados e com “tetos verdes”, além de 20 operações de food trucks. O anti-shopping, ao contrário do anti-café, possui o mesmo modelo de negócios do shopping convencional, então exceto o fato de as lojas estarem em conteiners, não vejo grande diferença.
Enfim, que outros “anti-” teremos?