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Cerveja vaginal é segura para consumo. Ainda assim, eu não recomendo!

cerveja vaginal

O lançamento da cerveja vaginal fez barulho na mídia. Afinal, há motivo para preocupação? Isso é tendência? O que mais virá por aí? Saiba no Eat Innovation.

A startup The Order of Yoni lançou uma cerveja vaginal. É isso mesmo, feita com bactérias presentes na genitália feminina que conferem o aroma característico. As bactérias foram isoladas e replicadas em laboratório, sem contaminação humana.

“Imagine a mulher dos seus sonhos, seu objeto de desejo. Prove seu sabor, sinta seu cheiro, escute a voz dela. Agora libere suas fantasias e imagine que com uma varinha mágica você pode colocar tudo isso numa garrafa de cerveja…bebida flavorizada com instintos…. descobrimos a essência de sua feminilidade”.

“Instinto engarrafado”

Essa abordagem é tão problemática que não sei nem por onde começar. A propaganda é péssima, além de estimular a mulher como objeto (mais do que já acontece em propagandas de cervejas comuns) e reduzí-la apenas a sua vagina, estimula também liberar as fantasias de possuí-la (alô assédio!) e ainda diz que isso é “instinto masculino”. Sério homens, vocês podem fazer melhor que isso!

Agora, falando como gestora da inovação, esse produto já passou por uma campanha de financiamento coletivo e arrecadou apenas 1% de sua meta, ou seja, reprovou já na primeira prova de demanda do consumidor. Na época da campanha, pouco mais de um ano atrás, houve o mesmo estardalhaço da mídia, mas acredito que, assim como aconteceu na época e está acontecendo agora de novo, esse tipo de produto gera uma mídia espontânea incrível, mas pouco se converte em vendas reais e uma empresa sobrevive pelas vendas e não por um apanhado de notícias que daqui a pouco estarão esquecidas.

Esse não é o primeiro produto vaginal

Em 2015 uma mulher fez um pão usando fluídos vaginais dela própria.

Cerveja vaginal

Pão vaginal

A recepção da mídia não foi tão calorosa como a da cerveja Yoni.

À esquerda: “Empresa polonesa quer produzir cerveja com bactéria de uma modelo checa”, “A primeira cerveja vaginal do mundo chegou”. À direita: “Blogueira feminista usa levedura de sua própria vagina para fazer massa de pão”.

Percebe a diferença de recepção de produtos feitos com a mesma “matéria-prima”? Por que o produto feito por homens e para homens é bem recebido, enquanto o produto feito por mulheres é criticado? Nem preciso dizer que o teor dos comentários dessas notícias é ainda pior a ponto de a moça ter excluído seu artigo original.

Há vários produtos feitos de bactérias e fungos do corpo humano

Cerveja vaginal

Queijo feito com bactérias dos pés (Christina Agapakis)

Cerveja vaginal

Livros de receitas com sêmen (à venda aqui)

 

Cerveja vaginal

Iogurte vaginal

Cerveja vaginal

Queijo de bactérias bucais

Cerveja de bactérias da barba humana

Como você pode ver, usar secreções do corpo humano na alimentação não é algo novo, é um assunto que vai e volta, mas até hoje não vi nenhum produto que tenha vingado. Bom para a mídia, para o consumidor, nem tanto.

Referências: Motherboard – Vice, Buzzfeed, Women’s Health, Mental Floss

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