Nosso terceiro e último post da série “Importância do raciocínio e crítica”
Tivemos nesta semana a Coca-Cola envolvida em um problema ético. Para dar credibilidade à ideia que eles querem vender a respeito de seus produtos, financiaram estudos de cientistas. O estudo reforçam a ideia de que mais importante que reduzir a ingestão calórica e especial a de açúcares para evitar a obesidade e o diabetes tipo 2 é a prática de exercícios físicos. Não há nada de errado em uma empresa estimular a prática de exercícios e de financiar estudos, mas é preciso fazer a crítica e informar de onde veio o financiamento do estudo, não se pode induzir o consumidor a erro. Sabe-se que o exercício físico por si só não compensa os dados da má dieta, por isso a crítica em relação à conduta da empresa. Para piorar, o departamento de relações públicas da companhia negou diversos pedidos de entrevista, complicando ainda mais a saia-justa.
Hoje temos sim uma paranóia em relação aos alimentos, alguns chamam até de terrorismo nutricional, mas creio que seja o extremo. É preciso haver equilíbrio entre comer muito e indiscriminadamente e virar o chato do frango com batata-doce e whey protein.
Sobre a Coca-Cola, faltou transparência e sobre as universidades envolvidas, precisam tomar cuidado e separar bem as linhas de pesquisa. Uma análise apontou que estudos financiados por indústrias de bebidas ou açúcares apresentavam probabilidade cinco vezes maior de não encontrar ligação entre bebidas açucaradas e ganho de peso do que os estudos cujos autores não apresentavam conflitos financeiros.
Ainda sobre a relação entre ingestão de refrigerantes e incidência de diabetes tipo 2, a população indígena Xavante é prova disso. Abandonaram comidas tradicionais, como batata-doce, abóbora e mandioca. O maior vilão, porém, é a “ödzeire”, ou “água doce”, na língua xavante. O refrigerante virou um vício e o índice de diabéticos disparou.
Não creio que o caminho seja cortar a ligação entre indústria e universidade, mas trabalhar em conjunto de forma clara e com critérios objetivos. E, sinceramente, uma empresa do porte da Coca-Cola não precisava disso, podiam dormir sem essa.
Fonte: UOL