As vacas do italiano Gianantonio Locatelli’s produzem cerca de 30 mil litros de leite por dia. Elas também produzem 100 mil quilos de estrume no mesmo período. Ele enxergou potencial de uso nas pilhas de esterco, e assim nasceu a Merdacotta.
Ao procurar maneiras de lidar com esta quantidade de dejetos, passou a enxergar um potencial de uso nas pilhas de esterco.E então, junto ao arquiteto Luca Cipelletti, desenvolveu um material avermelhado semelhante a terracota feito de estrume de vaca e argila, que se chama Merdacotta, um nome que faz alusão à sua origem.
O conceito sustentável é aliado a características como leveza, resistência a variações de temperatura e boa aparência dos objetos feitos com o material. Com a merdacotta foram criados vasos decorativos, telhas e utensílios diversos, exibidos na Semana de Design, em Milão.
É importante dizer que os produtos não têm mau cheiro
O esterco passa por um digestor industrial que extrai a uréia e o gás metano, produzindo energia e deixando apenas o material seco com odor neutro. Em seguida é misturado com palha, outros resíduos agrícolas e argila, moldado, esmaltado e queimado em forno próprio para essa finalidade.
Na mesma fazenda a dupla mantém o “Museo della Merda” (Museu da Merda, em português), em que os visitantes ficam a conhecer o fabrico da Merdacotta e podem adquirir objetos feitos do material.
As peças podem entrar em contato com alimentos e bebidas devido ao seu revestimento de esmalte e cozimento, porém seu criador reconhece que neste caso há um entrave psicológico para isso.
É mais fácil adquirir um vaso para plantas do que uma caneca que um dia foi esterco bovino. Ainda assim, a ambição é de um dia poder construir uma casa inteira de merdacotta. Uma inovação sustentável, atrativa e de baixo custo que tem tudo para dar certo.
Artigo originalmente publicado na minha coluna na revista i9 Magazine em 24/06/2016 e atualizado em 14/09/2018.