Imagine o leite de saquinho durar mais de 7 semanas sem estragar. Isso agora é realidade. Vem conhecer mais essa novidade das Ciências dos Alimentos!
Das garrafas de vidro que o leiteiro deixava na porta das casas até o sistema longa vida, a conservação do leite evoluiu. O consumo de leite cru é um risco à saúde do consumidor, pois pode estar contaminado com uma série de microorganismos.
O leite pasteurizado ou “leite de saquinho” passa por processo térmico a 75ºC por 15 segundos, suficiente para não apresentar risco a quem consumir. Entretanto ele não está esterilizado, isto significa que as bactérias mais resistentes podem se multiplicar e estragar o produto em pouco tempo. Seu prazo de validade é curto, estando fechado e refrigerado, são 3 a 5 dias a partir da fabricação.
Um estudo conduzido no departamento de Ciências dos Alimentos da Purdue University, nos EUA desenvolveu um processo que prolonga a validade do leite pasteurizado.
O professor Bruce Applegate e seus colaboradores trabalharam com o binômio tempo-temperatura do tratamento térmico do leite.
O processo é bastante simples, o grupo descobriu que aumentando e diminuindo a temperatura da pasteurização em 10 graus por menos de 1 segundo elimina-se mais de 99% das bactérias que restavam após a pasteurização convencional. Ainda assim mantém-se o sistema a menos de 70ºC, porém com estas variações rápidas.
Para isto acontecer, eles utilizam uma câmara que espalha pequenas gostas de leite em seu interior e assim consegue-se a precisão necessária para o controle da temperatura. A câmara que realiza este tratamento de baixa-temperatura tempo curto (low-temperature, short-time – LTST) é produzida nos Estados Unidos pela empresa Millisecond Technologies.
O grupo realizou testes sensoriais e os testadores não detectaram diferenças de sabor, cor, aroma ou retrogosto entre as amostras.
Segundo o professor trata-se de um complemento à pasteurização e faz o leite de saquinho durar mais 7 semanas. Eles ainda não realizaram testes com o leite cru para determinar a eficácia da tecnologia sem a pasteurização prévia. Se der certo, a nova técnica poderá eliminar o processo de pasteurização convencional, que consome mais energia e também diminuirá as perdas e o desperdício alimentar na cadeia leiteira.
Esta não é a primeira tentativa de fazer o leite de saquinho durar mais. No Brasil a pesquisadora Adriane Antunes desenvolveu na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) uma versão do produto desnatado e sem lactose, fazendo assim com que ele dure até 50 dias.
Para chegar neste resultado ela usa 3 tecnologias somadas: a pasteurização, a microfiltração e a hidrólise da lactose, que consiste na utilização de enzimas para quebrar o açucar do leite. A máquina, porém, é importada da França, o que encarece o custo do processo.
Se você não abre mão de beber leite de saquinho, agora pode contar com um produto seguro e estável por semanas.
Referências: Futurism, Digital Trends, Phys.org, Gesea – Esalq, G1
Participei do projeto da Adriane como IC. Realmente o tratamento por microfiltração é sensacional!
Que máximo, eu não conhecia esse seu projeto de IC, mas a gente se descobre coisas novas sobre as pessoas, né?
Grande abraço e apareça aqui mais vezes!