E se comprássemos tomates no mercado e eles continuassem perfeitamente maduros por semanas? Parece um sonho, mas é a promessa de uma startup americana: fórmula para frutas sem agrotóxicos durarem 5 vezes mais.
O pessoal da startup Apeel Sciences, pretende tornar ceras, gases e líquidos agrotóxicos coisa do passado. Usando folhas, caules, cascas de banana e outros materiais vegetais que sobram após a colheita ou processamento, eles desenvolveram um produto que forma um película protetora para ter frutas sem agrotóxicos.
Essa película é comestível e imperceptível ao nosso paladar, mas é eficiente contra microorganismos que deterioram alimentos. É também o suficiente para prolongar a vida útil de frutas e até de alguns vegetais em até 5 vezes.
Na realidade a empresa produz 2 produtos, Invisipeel®, para afastar os insetos e outras pragas e Edipeel®, que previne a perda de água a oxidação da fruta. Pode-se ainda usar os dois ao mesmo tempo para ter os benefícios de ambos, o primeiro no campo e o segundo, após a colheita. E ambos são eliminados na lavagem das frutas pelo consumidor.
O processo de fabricação envolve extrair todo o líquido dos resíduos agrícolas e usar partículas do farelo restante na composição do produto. Eles utilizam apenas sobras de produtos certificados orgânicos como as peles de uva que sobraram da produção de vinho, por exemplo.
As fórmulas são mantidas em segredo pela empresa, mas o princípio do spray Invisipeel® é baseado no fato de que bactérias, fungos e insetos identificam fontes de alimento através do reconhecimento de moléculas específicas em superfícies. O produto trabalha fortificando essas superfícies com uma camada ultrafina de moléculas quimicamente contrastantes, tornando esses alimentos irreconhecíveis para as pragas. Este ainda está em fase de testes.
Já o líquido Edipeel® forma uma membrana semi-permeável ao redor das frutas e foi aprovado pelo FDA (Food and Drug Administration, dos EUA). Os primeiros clientes selecionados começarão a usar o produto ainda em 2017.
A startup surgiu quando o fundador fazia doutorado. Ele se perguntou se os processos que ele estava estudando para fazer revestimentos usados em células de painéis solares também poderiam ser aplicados para prolongar a vida útil de outros produtos. Se uniu então a uma estudante especialista em filmes nanoestruturados e juntos trabalharam em sua garagem para criar os protótipos.
O conceito ganhou 10 mil dólares da Fundação Bill e Melinda Gates e a patir daí não pararam mais. Algumas empresas de capital de risco também apostaram na Apeel Sciences, que já recebeu 40 milhões de dólares de investimento.
Já imaginou o impacto disso em toda a cadeia de alimentos e gestão de resíduos? E ainda mais, eliminando o uso de agrotóxicos e pesticidas. Ainda não sabemos quando isso será acessível a todos nem a que preço, mas é esperar para ver.
Referências: Tree Hugher, Independent, NY Times, The Life Pile, Business Insider