O vinho azul está conquistando adegas no mundo todo com sua cor exótica. Mas será que basta apenas criar um novo produto e está pronto para o mercado? Qual o impacto da legislação na inovação?
O vinho azul é um produto cada vez mais famoso. Antecipamos a tendência no ano passado no Eat Innovation neste post aqui (corre lá pra ler!). De lá para cá, outros vinhos da mesma cor surgiram. É o caso do Aluxor , similar ao Gik, do nosso artigo passado, do Blumond, o espumante azul e do Vascorino. O processo de produção é simples, usam casca de uvas para retirar-lhes a antocianina, o pigmento que dá a cor ao produto.
Tudo ia muito bem nesta onda azul. Até que veio a dor de cabeça e não é da ressaca do álcool que estou falando, mas sim da lei.
Qual o impacto da legislação na inovação? Como conciliar?
A startup espanhola produtora do vinho Gik, teve de remover o nome “vinho azul” de seus rótulos e alterar levemente a composição da bebida após receber uma multa do ministério da agricultura do país. Aos olhos da lei eles estavam infringindo as regulamentações de vinhos uma vez que azul não é uma cor aprovada.
Eles passaram então a ter 99% vinho e 1% mosto de uvas, assim deixaram de pertencer à categoria de “vinho puro”. Apesar disso a startup já vendeu mais de 120 mil garrafas desde que iniciou atividade no fim de 2015.
Essa indústria segue praticamente sem alterações há séculos, mas é preciso repensá-la, principalmente de olho no público jovem, que não é atraído da mesma forma que os consumidores tradicionais.
O que fazer quando a lei demora a acompanhar o progresso?
É importante considerar que a lei não é um “monstro que odeia inovação”, ela serve para nos proteger, evitar fraudes ou produtos que coloquem nossa segurança em risco. Pense nos drones, se não houvesse regulamentação, passaríamos a vê-los perto de aeroportos e outras áreas críticas, afinal qualquer um conduziria seu drone para onde quisesse. Se um acidente acontecer, de quem é a responsabilidade?
Voltando à área alimentar, a Suíça legalizou o consumo de insetos na alimentação. Isso não significa que os cidadãos passarão a comer insetos, ninguém é obrigado. Quem desejar fazer, agora tem a tranquilidade de comprar um produto seguro. A irregularidade também alimenta o crescimento do mercado negro – é o caso dos alimentos de maconha, que sempre existiram, mas estão saindo da ilegalidade.
A inovação “puxa” o avanço das leis. Não se faz lei para algo que não existe, então conforme as novidades surgem, novas regulamentações surgem também. Nem sempre será fácil, a briga entre UBER e taxistas é um exemplo disso, mas certamente vai abrir novos mercados, novos empregos e novos produtos. É o início de um novo ciclo!
Referências: The New York Times, Singularity Hub, BCS, Forbes, Trendhunter, Packaging of the World, Food and Wine, The Innovation Policy Platform, RT News